Áreas conservadas no planeta crescem, mas biodiversidade segue ameaçada 564by

Relatório global alerta para a necessidade de medidas que promovam o uso integrado da terra e o planejamento do espaço marinho 4142g

Apesar de aumento de áreas conservadas, relatório aponta que um terço das principais áreas de biodiversidade do planeta ainda não estão protegidas de nenhuma forma (Foto: Meri Vasilevski/Unsplash)

De um lado, um planeta que conseguiu atingir a meta quantitativa de territórios verdes conservados. De outro, um grave déficit de biodiversidade impulsionado pela má istração de muitas dessas ecorregiões. Este é o atual panorama do mundo segundo a edição mais recente do relatório Planeta Protegido, assinado pelo Centro de Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep-WCMC) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza, com apoio da National Geographic Society. 4u6i

Publicado nesta quarta-feira (19), o documento apresenta a avaliação final da Meta 11 de Aichi, estipulada em 2011, que incluía o objetivo de proteger pelo menos 17% das zonas terrestres e de águas continentais do planeta, além de 10% das zonas costeiras e marinhas. A análise deve influenciar a meta universal que a sucederá – o Marco Global Pós-2020 de Biodiversidade –, que será definida em outubro de 2021 na Conferência sobre Diversidade Biológica da ONU em Kunming, na China.

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Atualmente, pelo menos 16,64% de ecossistemas terrestres e águas interiores estão dentro de áreas protegidas e conservadas documentadas, o que equivale a 22,5 milhões de km². Embora não tenha alcançado a meta de 17%, o relatório considera que o objetivo foi cumprido, uma vez que muitas áreas protegidas ainda não foram documentadas.

Segundo a investigação, foram as regiões marinhas e costeiras que registraram o maior crescimento em áreas protegidas ao longo dos últimos dez anos: o índice chegou a 18,01%, superando, assim, a meta de 10%. O mesmo não foi observado no percentual de conservação das áreas oceânicas (7,74%), que ficou aquém da Meta de Aichi. O estudo, no entanto, afirma que “a designação pendente de várias grandes áreas marinhas protegidas pode aumentar esse número”.

O outro lado

Embora esses números demonstrem que a comunidade internacional fez consideráveis progressos em direção à meta global de conservação, o relatório alerta que essas áreas representam menos da metade (44,5%) de todas as ecorregiões terrestres e apenas 47,4% das ecorregiões marinhas.

Pior: de acordo com o documento, um terço das principais áreas de biodiversidade do planeta ainda não estão protegidas de nenhuma forma e menos de 8% da terra está conectada – muito abaixo dos quase 17% de área que agora está sob proteção –, o que prejudica a movimentação de espécies.

Apesar de aumento de áreas conservadas, relatório aponta que um terço das principais áreas de biodiversidade do planeta ainda não estão protegidas de nenhuma forma (Foto: Alenka Skvarc/Unsplash)

Por isso, segundo o relatório, um dos principais objetivos que deverão guiar o planeta nos próximos anos é aumentar a “qualidade” dessas áreas, o que significa melhorar a eficácia de sua istração. “Designar e contabilizar áreas mais protegidas e conservadas são [medidas] insuficientes, elas precisam ser istradas de forma eficaz e governadas de forma equitativa se quiserem realizar seus muitos benefícios em escalas local e global e garantir um futuro melhor para as pessoas e o planeta”, diz, em comunicado, Neville Ash, diretor do Unep-WCMC.

O relatório sugere que o uso integrado da terra e o planejamento do espaço marinho são medidas necessárias para facilitar a conexão entre os territórios, da qual “depende a persistência da biodiversidade no longo prazo”. Além disso, o documento recomenda que as regiões circundantes sejam geridas de forma adequada e que os países prestem apoio aos esforços de conservação de grupos indígenas, comunidades locais e instituições privadas.

Em comunicado, o diretor-geral da IUCN, Bruno Oberle, reconhece o progresso feito na última década, mas, diante do declínio da biodiversidade global, antecipa a sugestão de uma “meta ambiciosa” a ser discutida na Conferência sobre Diversidade Biológica da ONU. ”Pedimos que as Partes da Conferência da ONU sobre Biodiversidade em Kunming estabeleçam uma meta ambiciosa que irá garantir a cobertura de área protegida de 30% da terra, água doce e oceanos até 2030 – e essas áreas devem ser colocadas da melhor maneira para proteger a diversidade da vida na Terra e ser geridas de forma eficaz e governadas de maneira equitativa “, afirma.

Fonte: Galileu