Tradição importada por imigrantes, a floricultura fomenta nos últimos anos a economia de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo no Rio Grande do Sul, e dá ao município a alcunha de “Holanda brasileira”. h2973
Além de garantir fonte de renda, o cultivo também assume outro papel, o de cartão postal da cidade. A fama é mantida por agricultores familiares que enfrentam o desafio estabelecido pelas bruscas diferenças de temperatura e uma tecnologia tímida, se comparada à europeia.
“Quando se faz o que se gosta, nada é difícil. Eu sempre comparo a produção de flores com uma creche cheia de crianças. As crianças, o bebê, ele não fala. A gente tem que observar o que ele precisa, tem que alimentar na hora certa”, definiu a floricultora Lourdes Morshe sobre o cuidado com as plantas. “Se está doente, se precisa alimentar, precisa ter todo o cuidado. Nós temos que ficar em cima, cuidando. Não se tem sábado, domingo. Sempre tem que ter alguém junto observando, cuidando delas”, completou a mulher.
Atualmente, o comércio de pelo menos 30 municípios do estado recebe flores oriundas de Santa Cruz do Sul. Nas ruas, o florido de jardins, de casas e canteiros, cultivado por descendentes de europeus, é atração para quem vem de fora. “Era uma das tradições muito fortes. Poder partilhar essa flores com vizinhas, amigos”, explicou o pesquisador Nestor Haschen.
Algumas espécies que embelezam o município, como a begônia, são extremamente sensíveis, e necessitam cuidado diário, como controle de água, nutrientes e luz. Tudo tem que ser na medida exata. “E há amplitude térmica com dias muito frios outros extremamente quentes”, detalhou o floricultor Paulo Berlt. Ex-comerciante, ele começou há 14 anos a construir estufas que hoje já possuem uma área de 5 mil m², e produção de 60 mil vasos de seis diferentes espécies.
Dentro das estufas de Berlt, o grau de higiene e segurança é máximo. Visitantes e agricultores precisam vestir jalecos, esterilizar a sola do sapato com cal, além de aplicar um spray de álcool na roupas, afim de evitar que qualquer fungo ou praga contamine as plantas. Duas portas dão o aos locais, uma deles precisa estar fechada enquanto a outra é aberta.
Terra de qualidade, sistemas de irrigação e a dedicação abnegada de famílias dão fôlego à floricultura do município. “Tudo o que a gente produz, a gente vende. A estrutura está sempre cheia e não vencemos produzir o suficiente para o que o mercado exige”, disse Diego Berlt, outro produtor local. (Fonte: G1)