A revista “Nature”, uma das mais prestigiadas publicações do meio acadêmico internacional, cobrou uma nova postura agressiva da ciência brasileira na área de biotecnologia. n5f1y
Em editorial publicado na sua última edição, a revista reforçou que o Brasil precisa assumir mais riscos e ser mais empreendedor na ciência. “Se há algo segurando o Brasil, é o mesmo medo injustificado de fracasso que o país superou há dez anos com Xylella”, descreve.
O código genético da Xylella fastidiosa, a causadora da praga do amarelinho, que afeta cerca de 30% dos laranjais paulistas, foi publicado na própria Nature, em 2000.
Na ocasião, num esforço em conjunto – reconhecido pela “Nature” -, mais de 100 pesquisadores de 35 laboratórios do país trabalharam no sequenciamento genético da bactéria.
A Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) investiu cerca de US$ 12 milhões nos trabalhos do genoma, num contexto em que, de acordo com a Nature, muitos cientistas estavam descrentes das pesquisas, pois o Brasil estava mundialmente defasado na área de biotecnologia.
Para a revista, universidades e agências de fomento brasileiras têm de continuar a promover programas de transferência de tecnologia, e o governo deve modernizar as regras relacionadas à prática científica como a compra de equipamentos científicos importados.
A “Nature” reconhece, no entanto, que a Fapesp continua promovendo grandes ideias, por exemplo na área de bioenergia, e que também tem se esforçado para formar cada vez mais doutores e para internacionalizar a ciência brasileira.
Os frutos do projeto Genoma, para a “Nature”, ainda respingam na ciência brasileira e os pesquisadores do país tornaram-se reconhecidos mundialmente na área. “Os resultados foram transmitidos pelos principais meios de comunicação em todo o mundo”, descreve a revista no editorial.
“A Xylella ajudou a mudar a percepção do Brasil de si mesmo, suas próprias capacidades e do seu lugar no mundo da ciência”, conclui. (Fonte: Sabine Righetti/ Folha.com)